Segunda-Feira 05 de Junho
14h40
Uma semana se passou, e eu já podia sair do hospital, mas
para onde eu iria... Isso eu não sabia até uma visita surpresa e desagradável
aparecer em minha porta, em quanto eu arrumava minhas coisas para partir...
- O que faz aqui?! – Disse assim que percebi sua presença.
Querem saber como pude descobrir que era ele... Simples,
assim que ele se fez presente naquele local, o cheiro de cigarro misturado com
todos os tipos de bebidas e algumas outras drogas, que não pude reconhecer,
ficou presente no ar, e deduzi ser ele. Chuck. Tem sido assim desde que... Cara
desde sempre, desde o dia em que o conheci... E digamos que foi o pio dia de
minha vida.
- Quanta delicadeza!
- Diga logo o que faz aqui!
- Vim te levar para casa... E não precisa me agradecer...
- Eu não vou voltar aquela casa!
- Ah vai... Se quiser que eu não encoste no seu
brinquedinho...
- Ela não é um objeto!
- Ah, não é?! E como me diz o que você está fazendo com
ela?!
- Só não contei toda a verdade...
- Ah, vamos lá Andrew! Você não contou nada a pobre menina!
Não disse como veio parar até mim, não disse quem é seu verdadeiro pai! Não
disse nada a coitada!
- Agora é coitada?! O dia em que quase a matou, ela não era
coitada, era?
- Olhe bem aqui! – Ele se aproximou bem de mim – Não te dou
o direito de falar de mim assim! Está ouvindo bem? O que eu fiz no passado é
problema meu!
- Você me fez matar a mãe dela!
- Não... Você a matou por que quis... Você tinha uma
escolha!
- Não! Eu não tinha!
- Ah tinha... Você não se lembra?
Flashback On
Tínhamos nos mudado para o Brasil fazia uns dois meses,
minha mãe sempre teve vontade de conhecer o país.
Estávamos em casa, quando digo estávamos digo eu, meus pais
e meu irmão. Era fim de tarde de um dia completamente normal, e que aparentava
ter de terminar naquele mesmo jeito, com toda aquela paz que reinava naquele
local, meus pais quase nunca brigavam, eram bem calmos, eu e meu irmão, sempre
nos demos muito bem então, nada de mais!
Estávamos assistindo a TV, quando ouvimos a campainha tocar,
todos nos viramos para minha mãe, que logo entendeu o recado.
- Está bem! Está bem! Estou indo!
- Nós te amamos muito amor! – Disse meu pai.
Eu e Josh concordamos. Ela sorriu e foi em direção ao hall
de entrada.
- E ai Josh, e aquela sua “amiga”?
- Quem? A Jesse? – Seus olhos brilharam... Acho que ele
realmente gosta dela...
- Sim...
- Ah, nada de mais... Ela ficou lá.
- Quem é essa, meninos?
- Ah, uma amiga minha que eu fiz lá na outra cidade pai...
- E não falou para ela que se mudou para outro país...
- Você não falou a ela?! Coitada dela filho!
- Verdade Josh!
- Andrew, cala a boca!
Eu ri.
- Andy, querido... Tem um amigo seu lá fora! – Minha mãe,
sempre gentil e doce... Mas eu não tinha amigo aqui, e ela sabe disso!
- Ok... – Sim, sempre fui muito curioso.
Eu fui, assim que cheguei à porta, vi quem eu menos queria
ver, vi a razão de eu ter dado a ideia de falar aos meus pais se mudarem para
cá, vi Chuck!
- O que faz aqui?! – Perguntei com receio.
- Vim te pedir um favor... – E abriu um grande sorriso
malicioso.
- Eu não faço mais nada para você!
- Mas já se esqueceu de quem te ajudou com seus problemas? E
já contou tudo a sua mãe?
- Não...
- Ótimo então você vai fazer esse favor para mim! – Sorriu
vitorioso.
- O que quer que eu faça...?
- Eu quero que me encontre nesse endereço – me entregou um
papel – amanhã as 20h00, te explico tudo que quero que faça... Está bem?
- E por que você mesmo não faz?
- Por que eu não posso! Sem mais perguntas... – E saiu.
Logo Josh aparece.
- O que ele queria? – Josh sabia de tudo...
- Que eu o encontre aqui – lhe dei o papel – amanhã as
20h00.
- E você... Você vai?!
- Vou...
- Mas Andy...
- Josh, eu não tenho outra escolha!
- Eu sei... Mas não é melhor você falar para a mãe!
- Josh eu matei alguém naquela noite! – Estávamos
sussurrando – Eu não posso falar isso para nossa mãe! Você sabe muito bem
disso!
- Sei... Mas acho que ela entenderia!
- Eu tenho certeza de que não entenderia!
- Quem não entenderia o que? – Minha mãe apareceu.
- Se eu e Josh fossemos ao cinema amanhã as 20h00...
- Ah, tudo bem! – Ela sorriu.
- Obrigado, mamãe! – Disse Josh.
[...]
No outro dia as 19h30.
- Vamos Josh! Vamos nos atrasar! – Gritei da escada ao Josh,
que ainda se arrumava, não sei para que...
- Já estou indo! – Ele disse enquanto descia todo
desajeitado escada abaixo.
- Vamos? – Perguntei assim que ele parou ao meu lado.
- Vamos!
E assim saímos.
Josh me acompanhou até o endereço marcado no papel. Não
queria que ele fosse comigo, ele tinha apenas 14 anos, eu que fiz as escolhas
erradas, não precisava colocar ele no meio de tudo, ele é meu irmão mais novo,
era meu dever cuidar dele, devia tê-lo deixado no cinema, mas ele não quis...
20h00 em ponto Chuck chegou ao local.
- Pensei que não precisasse avisar, não podia trazer
NINGUÉM!
- Era o único jeito que eu podia para sair de casa.
- Eu não vou largar meu irmão! – Josh, você tem que aprender
a se controlar...
- Ah, que bonitinho... Cuidando do irmão mais velho! Que
gracinha... – Cinismo nem é com ele...
- O que você quer que eu faça...? – Fui direto ao ponto.
- Eu preciso pegar uns papeis naquela casa... – Apontou para
uma nem muito grande, nem muito pequena, média, de uma tonalidade bem azul
clara, com uns detalhes azuis – Só que a mulher não irá te dar então preciso
que entre e faça o que puder para que eu consiga aqueles papeis...
- Tipo...? – Perguntei com medo do que ele pretendia.
- Tipo matar as pessoas que estiverem em seu caminho! Não me
importa quem ela seja, mate-a, melhor assim!
- Está bem... – Eu concordei, não sabia o que estava
pensando. Nem lembrava que Josh estava “assistindo” seu irmão ser um idiota
total.
[...] Horas depois
- Pronto... – Eu apareci na janela do quarto do casal.
- E...? – Perguntou Chuck
- Estão mortos... Tudo limpo.
Flashback Off
- Ah, é verdade... Você não tinha escolha! – Ele sorriu
malicioso – Mas então... Você vai voltar para a casa, e em duas semanas terei
de ir para o Brasil, assinar uns papeis, por que quando você matou minha esposa
ela não tinha os papeis com minhas assinaturas da guarda da minha pequena...
- Que você não ama.
- Já falei para não se meter!
- Ok...
Fomos para a casa de Chuck me ajeitei novamente em “meu”
quarto... E fiquei lá pensando no que fazer em como contar a Jesse tudo... Ela
nunca aceitaria a verdade de que matei sua mãe... Nunca.
[...]
Sexta-Feira 09 de Junho
Passaram-se duas semanas, e não consegui falar com Jesse,
por dois motivos: Não tive tempo, Chuck sempre está por perto e não tive
coragem de falar com ela... Pois é, eu vou contar a ela mais um pedaço de sua
historia...
Estávamos no aeroporto, tinha chegado, finalmente, o dia em
que Chuck iria ao Brasil...
E enquanto ele estava fazendo o check-in eu estava criando coragem para ligar para Jesse, digitei
todo seu numero e apertei o botão verde...
Tu... – Ela não vai atender.
Tu... – Vou desligar.
Tu... – É ela não vai atender...
- Alô? – Fudeu!
- Jesse?! Sou eu o Andrew, Andy!
- Hum... – Se ela soubesse que doí ouvir isso...
- Eu sei que deve estar brava comigo! Mas, por favor, me
entenda, só estou fazendo isso para te proteger! – Eu estava aflito, a qualquer
momento Chuck poderia aparecer – Eu te juro que conto tudo assim que der! Mas
me escuta, eu já sai do hospital, estou bem, e isso não importa, o que importa
é você estar bem, e você está?! Durante esse tempo aconteceu algo, ahm... Fora
do normal?!
- Não... – Não me convenceu...
- Ótimo! Bem... Estou em um aeroporto fora da cidade, Chuck
está indo viajar, caso não saiba Chuck é o pai da Anne. Espero que Josh tenha
te contado algumas coisas! – Sim, eu esqueci de que ela não sabia que Josh...
Ahm, me conhecia.
- Sim... Espere como conhece Josh?!
- Longa historia! Mas me ouça, não tenho muito... – Chuck
apareceu e eu fingi desligar o celular.
- Com quem estava falando?! – Ele perguntou a mim.
- Com o Ashley... – Claro que eu iria falar que estava
conversando com a Jesse...
- Ah sim... E onde ele se meteu?!
- Ele disse que já está vindo, pegou transito!
- Ah, claro! Devia imaginar...
- Sim.
- Bem, eu já vou indo, preciso ir ao Brasil resolver os problemas
de você sabe o que...
- Sim...
- Ótimo! E não quero que a menina saiba! Preciso resolver e
assinar uns papeis para ver se consigo a garota de volta! Lembro-me bem do dia
em que a perdi... Malditos vizinhos bisbilhoteiros!
- É...
- Andrew! Você está ouvindo bem o que eu digo?!
- Sim, claro. – Que não.
- Ok, não quero que nada aconteça com a garota, está certo?
- Sim...
Assim que ele foi, esperei se distanciar um pouco e fui ver
se Jesse ainda estava lá...
- Jesse? Ainda está ai?!
- Andy?! Do que ele estava falando? De quem ele estava
falando?!
- Jesse, não posso falar agora, - eu já falava tudo depressa
– me encontre na Starbucks, aquela perto do hospital em meia hora! Eu devo
atrasar uns cinco minutos, mas um amigo meu, Ashley, vai estar lá!
- Ok...
Desliguei...
Cheguei onde marquei com Jesse, para que me encontrasse, mas
tinha muito transito, então pedi para que Ash desse uma mera introdução do que
eu falaria... Estava chegando a mesa onde eles estavam.
- Sim, entendo... Mas então, o real motivo deles terem que
te “mandar” para a adoção foi que...
- Foi que eu que continuo daqui, obrigado Ash. – Apareci do
nada.
- Ok... – Ash disse se levantando. Me sentei onde ele
estava.
- Andy... – Ela deu de ombros...
- Por favor, Jesse, não faz isso...
- Isso o que?! – Perguntou seca.
- Isso! Ficar meio que me ignorando!
- E quer que eu faça o que? O cara que eu acabo de conhecer,
já me conhecia faz muito tempo, tem vários segredos, inclusive segredos com meu
melhor amigo, sabe coisa sobre meus verdadeiros pais, e sabe muito mais da
minha própria vida do que eu mesma!
- Me desculpe Jesse, eu já te disse...
- Eu te conto tudo assim que puder – me interrompeu – Sim já
disse, mas nunca disse nada!
- É que ainda não posso! Não posso cometer esse risco de te
perder!
- Como?!
- É que... – Fiquei sem reação... Falei de mais!
- Digamos que o Andy estragou o plano inicial, e Fudeu com
todo o resto! – De repente apareceu Ash, com os outros atrás dele.
- Eu não estou entendendo nada...
- Digamos que eu me apaixonei pela bela garota de cabelos
azuis e olhos bem violetas... – E que por acaso era a grande paixão do meu
irmão mais novo... Mas ninguém precisa saber disso né?
É, quando eu estou nervoso falo de mais...
- Você... Você o que?!
- Jesse, desde o momento em que te vi eu me...
- Me apaixonei por você! – Maldito seja o Jake – Que lindo
Andy, mas não temos muito tempo!
- Sim, claro! Continuando o que o Ash estava falando...
- MAIS UMA PALAVRA E ESSE SEU AMOR MORRE ANDREW! – Anne
apareceu do nada.
- Você não faria isso!
- Duvida?!
- Seu pai ficaria muito bravo!
- Andy, Andy, Andy... Você não me conhece mesmo não é? Eu
posso fazer com que a morte dela pareça um mero suicídio! Ou então... Que você
a matou... – Ela sorriu cínica, provocando um pequeno medo em mim, admito.
- Não acreditaria que eu a matei!
- Quer mesmo duvidar de mim Andrew?
- Não... – Me rendi né.
- Por que não querem que eu descubra?! – Essa foi Jesse
entrando no meio da conversa.
- Ok, vai lá Andrew! Conte a ela toda a verdade! Será que
ele suportara tudo? Será que ela ainda ira gostar, ou sei lá, quem sabe... Amar
você ainda depois de tudo? Depois de tudo que você esconde dela? Não, espere!
Conte de uma vez... Ela é fraca! Não suportaria, nem Josh ela irá perdoar
depois de tudo! – Vadia, filha da puta do caralho... Ok eu preciso respirar.
- Jesse, se eu te contasse que realmente sei quem são seus
pais verdadeiros... Quem são eles, você iria querer ir atrás deles? – Falei com
receio de sua resposta.
- Não... Eles me abandonaram!
- E se eu te dissesse que não foi bem assim...? – Cara, como
eu vou falar para ela que os pais morreram? E por minha culpa...
- Bem... Ai já é outra historia...
- Eu disse! Assim que ela descobrir ela não vai aguentar!
- Cala a boca por um minuto Anne! Puta merda! – Agora o Jake
me ajuda?!
- Ok... Jesse, assim, seus pais não eram drogados, nem nada,
eles eram pessoas comuns!
- Ta e dai?
- Jesse, é que eles vieram a falecer há uns anos atrás...
- Co-como?! Então, eu
nunca vou poder... Tipo conhece-los?
- Mais ou menos... Seu pai você ainda pode...
- Andy! Eu não estou entendendo!
- Você morava com sua mãe biológica e com seu padrasto... E
eles morreram, mas seu pai verdadeiro ainda está vivo, e digamos que ele não é
aquelas coisas... E então, você foi passar uns tempos com seu pai...
- Ok, e por que eu fui para a adoção?
- Por que descobriram o que ele fazia com você... Ele não
era uma boa pessoa para você.
- E então eu fui levada?
- Ah, quanto drama! Andrew! Conte logo a ela que você matou
a verdadeira mãe dela! Sem dó, sem piedade. Ouvindo-a implorar pela vida! Mas
você a matou a sangue frio!
- Como?! – O que eu mais temia aconteceu... Jesse agora
estava com medo de mim...
- Não! Jesse, por favor! – Eu tentei implorar.
- Você matou minha mãe...?
- Sim, mas não foi bem assim!
- Então como foi em?! – Ela chorava, que ódio senti de mim mesmo...
- Jesse, é como eu disse... Eu trabalhava pro Chuck e ele...
- Andy, você a matou! – E você acabou de me matar por dentro
Jesse, com a minha ajuda...
- Jesse, entenda, eu não quis fazer isso... – Nem deu tempo
de terminar, ela saiu correndo.
E eu fiquei lá, com cara de idiota, segurando para não
chorar, não na frente daquela vagabunda da Anne... Como ela faz isso com uma
garota tão delicada quanto a Jesse, ela não merece tudo isso que está passando,
tudo culpa minha, se eu não tivesse começado a me drogar aos 16, Chuck não me
ajudaria, eu não mataria a mãe de Jesse e ela não me... Odiaria.
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Hihi *O* e o que acharam desse?!
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